Você provavelmente conhece alguém que toma remédio para qualquer coisa, inclusive para dormir, ou mesmo que tem toda uma rotina de pílulas, muitas vezes sem a indicação profissional, que precisam ser ingeridas diariamente para que a pessoa possa se sentir bem, física e mentalmente.
Infelizmente, é cada vez mais comum encontrarmos indivíduos que buscam os medicamentos como uma forma rápida e simples de resolver problemas que demandariam um acompanhamento mais aprofundado para serem resolvidos. Entre eles, estão as dores emocionais, que possuem causas muito mais difíceis de serem entendidas e tratadas, principalmente porque ainda não estamos acostumados a falar sobre elas.
Assim, o que vemos hoje é uma verdadeira “cultura da medicalização”, em que o alívio rápido do sofrimento, tanto do corpo quanto da mente, é visto como um caminho mais aceitável para que possamos voltar o quanto antes para as nossas inúmeras demandas diárias.
Esse é um sintoma de uma sociedade acelerada
Com poucos cliques na tela do nosso celular, temos em pouquíssimo tempo nas nossas mãos as respostas para as nossas questões. Acostumados com tanta praticidade e velocidade que as novas tecnologias nos trouxeram, começamos a encarar todos os outros aspectos da nossa vida dessa forma, ou seja: quanto mais rápido os problemas forem resolvidos, melhor.
O grande ponto aqui é que, ao usar remédios na esperança de que eles atenuem os desconfortos que sentimos, mascaramos também os sintomas que podem nos indicar onde exatamente está doendo e por quê. Por exemplo: ao tomar medicamentos sem orientação médica para conseguir dormir, as pessoas ansiosas dificilmente vão entender que o que está atrapalhando o sono podem ser pensamentos acelerados fora de controle, que poderiam ser muito mais bem entendidos e equilibrados se elas fizessem terapia.
Nesse ritmo de esconder o que estamos sentindo, a situação vai se tornando uma verdadeira bola de neve, até que, em algum momento, o corpo e a mente vão se fazer serem ouvidos. E, normalmente, não é de um jeito agradável: crises de pânico e episódios de burnout são algumas das formas que eles encontram de nos mostrar que chegamos ao nosso limite.
O caminho correto para a melhora é mais longo, mas muito mais saudável
É lógico que os remédios são essenciais para pessoas que realmente precisam fazer uso deles. Contudo, é importante entender dois pontos:
- A automedicação é extremamente perigosa e dificilmente vai trazer os resultados esperados. Assim, qualquer medicamento deve ser indicado e acompanhado por um psiquiatra, inclusive para possíveis ajustes na dosagem.
- A medicação sozinha não trata transtornos mentais e, portanto, não deve ser vista como uma solução mágica, afinal, as causas para essas doenças são múltiplas, e não apenas um desequilíbrio biológico. Por isso, o seu uso deve estar aliado com a psicoterapia, além de outros hábitos que podem contribuir com o bem-estar do paciente em questão, como meditação, exercícios físicos e alimentação equilibrada.
Tratar as nossas dores emocionais não é algo que se resolve com soluções simplistas, afinal, nossos sentimentos são bastante complexos. Mas a boa notícia é que, prezando por um estilo de vida saudável e buscando ajuda especializada, é possível resolver aquilo que nos incomoda internamente e não deixar que os problemas se acumulem por muito tempo dentro de nós.
Se você estiver procurando alguém para conversar, eu estou à disposição, combinado?